segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Toritama é destaque no The New York Times

Toritama torna-se destaque em um dos maiores jornais internacionais por conta de um documentário gravado e baseado em episódios do cotidiano da cidade, que além de industrial, é reconhecida a Capital do Jeans, pela grande produção do produto, que envolve toda a população em um só seguimento da confecção.

Confira a matéria veiculada pelo Reuters e The New York Times;

(Cartaz do documentário - Foto divulgação)

Documentário brasileiro pergunta: vivemos para o trabalho ou para o trabalho pela vida?


BERLIM - No alto das montanhas do nordeste do Brasil, a cidade de Toritama ecoa com o som das máquinas de costura: na autoproclamada capital dos jeans, as pessoas trabalham durante todas as horas do dia para produzir calças jeans.

Isso despertou o interesse do diretor Marcelo Gomes quando ele visitou. Desde sua infância, ele se lembrou de uma cidade sonolenta onde você podia ouvir um alfinete cair, não a colmeia movimentada de indústrias caseiras que a cidade de 40.000 habitantes é hoje.

Em seu documentário da Berlinale, Gomes traz um olhar antropológico sobre o modo como o povo da cidade trabalha, perguntando se trabalham por dinheiro ou pelo prazer dele.

"Quando cheguei lá, eu disse 'Oh meu Deus! Isso parece a Inglaterra durante a Revolução Industrial!'", Disse Gomes à Reuters. Mas os habitantes da cidade são implacavelmente alegres no filme enquanto enfiam zíperes ou enfileiram centenas de bolsos por dia.

Sucessivos governos brasileiros enfraqueceram as leis que protegem os trabalhadores da exploração, o que forçou muitas pessoas a trabalhar mais horas por menos dinheiro. Mas os alfaiates de Toritama são aparentemente despreocupados, já que trabalham por conta própria.

"Eles tinham suas próprias fábricas: eles eram os proprietários e os trabalhadores", disse Gomes. "Então eu acho que este é o novo estilo de liberalismo: você pode fazer mais e você pode consumir mais."

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No filme, as costureiras recitam alegremente a quantia exata em centavos que ganham para cada componente que fazem.

Mas Gomes, que narra o filme, não consegue esconder totalmente seu ceticismo, perguntando se esses operários trabalhadores têm tempo para perguntar se estão felizes.

"Você gasta 15, 16 horas trabalhando. E quanto à sua vida? E quanto aos seus filhos? Todo o tempo que eu estava perguntando, mas eles estavam muito felizes porque eram os donos", disse Gomes. "A ganância é boa?"

Um lembrete da modéstia da vida que ganham vem no final do filme, quando o carnaval chega.

Famílias vendem todas as suas posses - geladeiras, máquinas de costura - para ganhar o preço de umas férias na praia. Durante oito dias, a cidade está vazia - assim como Gomes se lembrava quando criança.

(Reportagem de Thomas Escritt; Edição de Gareth Jones)

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